Por Que a Pirâmide Alimentar Ficou no Passado?
Neste mês, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) anunciou suas sugestões para as diretrizes alimentares de 2025, baseadas em um comitê consultivo reunido em 2023. O relatório científico, com impressionantes 421 páginas, pretende orientar políticas de nutrição e bem-estar no início de 2025. No entanto, o conteúdo gerou confusão e debates, com pontos como a ausência de restrições a itens como gorduras saturadas e alimentos ultraprocessados, além da troca completa de proteínas animais por feijões e lentilhas. Essa não é a primeira vez que o USDA apresenta diretrizes nutricionais consideradas confusas ou contraditórias.
A origem da pirâmide alimentar
A pirâmide alimentar foi introduzida oficialmente em 1992 pelo USDA. Você provavelmente se lembra dela: aquele gráfico onipresente nos corredores da escola, restaurantes e livros, que categorizava os alimentos em grupos. A base da pirâmide sugeria alta ingestão de grãos, seguida por frutas e vegetais, depois proteínas (animais e vegetais) e, no topo, gorduras, óleos e doces em pequenas quantidades. Inspirada em orientações da Suécia, essa versão substituiu o guia alimentar “Basic 7”, criado em 1943 durante a Segunda Guerra Mundial.
Apesar de ter sido um passo inicial para educar sobre nutrição, a pirâmide tinha falhas. A recomendação de 11 porções diárias de carboidratos complexos e a baixa ingestão de gorduras eram baseadas em conceitos limitados, resultando em dietas desequilibradas. Além disso, a ausência de orientações claras sobre tamanhos de porções tornava difícil aplicar as recomendações no dia a dia.
A transição para MyPlate
Em 2011, a pirâmide foi substituída por algo mais visual e prático: o MyPlate. Este novo modelo é um prato dividido em quatro partes – grãos, proteínas, vegetais e frutas – com um espaço adicional para laticínios ou alternativas à base de soja. MyPlate trouxe maior flexibilidade e clareza, permitindo que as pessoas adaptassem as escolhas alimentares às suas necessidades individuais. No entanto, ele ainda carrega críticas devido ao envolvimento de subsídios governamentais para indústrias como a de soja e laticínios nos EUA.

As falhas da pirâmide e o aprendizado
Especialistas em nutrição, como a nutricionista Charissa Lim, apontam que a pirâmide alimentar tinha limitações importantes. “Ela não mostrava as porções de forma clara, nem como um prato equilibrado deveria parecer”, comenta Lim. Além disso, a ênfase em dietas de alto carboidrato e baixo teor de gordura foi questionada, especialmente quando surgiram alimentos industrializados “low-fat” que eram ricos em açúcares e sódio para compensar a falta de sabor.
Essas falhas mostram como diretrizes simplistas podem levar a escolhas alimentares equivocadas. A tentativa de eliminar gorduras da dieta, por exemplo, acabou promovendo o consumo de alimentos ultraprocessados que não eram necessariamente mais saudáveis.
O que usar hoje?
Charissa Lim recomenda o uso do MyPlate como um ponto de partida para equilibrar a nutrição. Apesar de ser mais prático e adaptável do que a pirâmide, é importante buscar orientação personalizada com médicos ou nutricionistas para atender às necessidades específicas de cada pessoa.
